sexta-feira, 3 de maio de 2013

Incerteza




Parou diante daquela luz. Sabia que deveria arriscar. Uma luz forte, convidativa. Conseguiu vislumbrar vultos dentro daquela luz. Vultos do presente alheio, sombras de um futuro agradável. Vislumbrou mais futuro que presente, mas estava indeciso. Como abandonar aquele lugar? Até então, aquilo não tinha sido seu chão? Se abandonasse, pareceria ingratidão e isso era intolerável...

- Não era?

Pensou na própria estupidez, pois não pesara o pretérito ao abrir aquela porta. E agora que o fazia, percebeu o quão ganancioso era. Estava disposto a abandonar a segurança do seu mundo pelo risco de uma talvez alegria. "Bobagem... A alegria nunca se reflete num talvez. Ou é ou não é!", pensou. No entanto, sentia algo inexplicavelmente bom pra fora daquele lugar.

Pensou em seus próprios limites. Tudo agora se limitava à ação. Ir ou não ir. "Existe ação impensada?", murmurou. Não ouviu resposta, apenas o silêncio habitual. Perguntou-se se deveria focar mais naquela luz que emergia da porta. Apertou os olhos. Distinguiu a figura de uma moça morena do outro lado da rua. Ela sorriu, amigável.

Sabia que deveria arriscar.
Sim, sabia.

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