quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Edição




Sentado no quarto escuro, vai ouvindo música e se editando. Entende o que faz, mas nunca analisou tão profundamente. Sabe que é algo que não vem de uma experiência arrebatadora, pois inspiração nunca significou muita coisa pra ele. Apenas fixa o olhar nas coisas mais simples e extrai delas algo mais elaborado.  Fascinado pela mão que paira no ar ao sentir o toque do vento. Ou pela água que cai do chuveiro e forma rios de pensamento. Acha que os pontos não são finais e que as reticências incitam o suspense. Pode ser criativo ou apenas tedioso, mas ama e sente. Vai vivendo e se editando, mas nunca mais vai deixar seus pedaços pelo caminho.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

memória-tempo



"O tempo se vai, mas algo eu sempre guardarei..."

O som vai me levando de volta. Aos poucos, lembro daquelas pessoas, daqueles lugares. Daquele tempo quando o tempo não era importante. Daquele tempo em que eu não pensava na vida: apenas vivia. Um tempo ingênuo, um tempo que o som era sentido e a letra era pensada, mas não pesada. Um tempo em que eu amava as segundas. Um tempo em que dava pra olhar pro céu e admirar as nuvens. Um tempo que se confunde com outros tempos.

A realidade me chama e, aos poucos, abandono aquele tempo. Não deixo minha memória lá (isso pode ser perigoso...), mas é sempre bom relembrar e viver um pouco daquele tempo. Amanhã posso voltar a ele novamente. Ou na próxima semana. Espero que haja tempo para isso. Escolho com cuidado a próxima música e trato de pensar no agora. E o agora me diz que o homem de hoje ainda é o menino daquele tempo.

terça-feira, 11 de setembro de 2012



"Shed that shallow skin, come and live again!"

Somos fúteis.

Estamos andando numa estrada e achamos que ela nunca terá fim. Que sempre será fácil voltar para o ponto de partida. Ignoramos o mapa, os sinais e as dicas de percurso que nos foram dadas. Ignoramos a mão estendida. Olhamos e ouvimos o que existe lá fora.

Até darmos conta que não temos tanto tempo. O caminho vai ficando mais escuro e mais difícil. E nesse caminho repleto de dúvida e imprecisão, nós escolhemos voltar. Escolhemos correr para o ponto seguro. Aceitamos viver e nos recusamos a apenas sobreviver. Olhamos para nós mesmos e ouvimos a quem nos quer bem. A quem importa. 

Seguimos o bom caminho.
Paramos de ser tão fúteis.
E vivemos felizes.