Cíclico
Ainda fazia sol quando ele entrou no parque. Andou um bocado de tempo, olhando o movimento das pessoas e a alegria do lugar. Levou um guarda-chuva, pois sabia que ia chover.
Era a certeza de quem gostava de olhar para o céu.
E, de fato, começou a chover. Ele abriu o guarda-chuva e encaminhou-se para a saída do parque, mas uma pessoa chamou a sua atenção: aquela moça loira que estava sentada naquele banco. Ela ignorava completamente a chuva. Ele aproximou-se e sentou-se no banco em frente ao dela. Ela apenas sussurrou:
- Esse é o lugar dele.
“Dele ou meu?”, ela pensou. Não conseguia identificar a diferença que havia. Riu de si mesma, pois isso era irônico.
- Oi. Tudo bem com você?
A saudação a embaraçou. Não queria falar com desconhecidos. A experiência anterior não fora satisfatória. Resolveu ignorá-lo, mas isso não o impediu de continuar falando:
- Você não prefere sair dessa chuva? Vai acabar doente...
“Que chato... Ele não cala a boca nunca?”, ela pensou. Ele continuou a falar sozinho por um bom tempo e a analisava, pois achava as pessoas fascinantes. Mais que as nuvens. “Todo mundo tem uma boa história pra contar...”, ele dizia. Continuou falando quando percebeu que havia captado a atenção dela:
- O que você disse? – ela perguntou.
- Ah! Por que você está nessa chuva?
Ela sorriu brevemente. Pensou se deveria... “Será que ele se importa mesmo? É apenas um desconhecido...” Ela estava tão cheia de pontos que um a mais não faria diferença. Resolveu arriscar. Olhou profundamente nos olhos dele e disse pausadamente:
- Já que você quer tanto saber...
Tudo pareceu sair do lugar, mas ele não teve medo.
- Bem vindo...
O mundo estava de cabeça para baixo.
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