quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O abrigo


“Didn’t want a life without you, but here I am living one...” (Brooke Fraser)

Eu tenho muitos pensamentos. O meu companheiro nem desconfia deles, imagino. Tento esquecê-los, mas eles me invadem e me tiram o sono. Eu sei que parece desculpa para uma fuga... Eu sei que sou solitária. Eu sou uma reclusa. O meu companheiro era a única companhia disponível. Por isso, o surpreendo:

- Vou dar uma volta.

Uma calça qualquer. Um sapato qualquer. A música de sempre.
Mas eu não posso ignorar a blusa dela.

É perfeita para a ocasião. O meu companheiro não me lançou sequer um olhar, apenas me acompanhou. “Ele não sabe mesmo”, rio por dentro. Cubro a blusa com um sobretudo claro e saio de casa. O sol estava mais forte e a nuvem permanecia no céu, mas não quero falar sobre ela. Os meus pés me conduzem para o parque. Há movimento, mas eu estou alheia a tudo. Sento naquele banco específico, onde eu havia me despedido dela para sempre.

Eu sinto falta dela.
Eu sinto falta de como eu era.

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