terça-feira, 2 de abril de 2013

Vermelho (pt. 2)




Escuridão.

Valter já havia perdido a noção do tempo em que estava ali naquele porão com aquelas duas malucas. Se não estivesse preso, facilmente as subjugaria. Pensou no que faria com elas. Fantasiou com as diversas torturas que praticaria com aquelas vagabundas. "Primeiro, vou pegar a mais nova e então..."

Abriu os olhos e vislumbrou a figura da irmã mais velha. Ela sorria com o alicate na mão. Olhou para o carrinho que estava próximo à irmã mais nova e contou, desesperado, trinta dentes.

- Que decepção, Valter... Esperava que você tivesse uma dentição completa!

O olhar do homem exalava ódio. As irmãs haviam apostado quantos dentes arrancariam dele e se ele desmaiaria no processo. Os gritos dele se mostraram completamente inúteis e a escuridão chegou antes que não existissem mais caninos.

- Desculpe-me a remoção completa. Da próxima vez, serei mais cuidadosa... - zombou a moça.

A irmã mais nova abriu um sorriso, mostrando dentes imperfeitos. Valter não levantou a cabeça:

- Quando vocês irão me soltar?

- Você não vai embora até estar completamente purificado.

"Purificado? O que essa doida está dizendo?", pensou o homem. De repente, um som alto ecoou na sala. Valter reconheceu o som de uma serra sendo ligada e tentou se libertar. A irmã mais velha não se abalou com as súplicas do homem, pois recebeu o pesado objeto das mãos da irmã caçula de uma maneira muito calma. Petrificado, Valter escutou as últimas palavras:

- Tudo estará acabado quando parar de chover sangue...

Gritos de dor.
Um líquido vermelho.
Escuridão.

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