Um excelente pianista. Isso era indiscutível. Por isso, talvez, prezasse tanto pela integridade das suas mãos. Não as considerava participantes do seu corpo: eram a sua razão de existir. Mais que ferramentas de trabalho, eram o seu próprio meio. A vaidade lhe tornara daquele jeito, os aplausos eram como água para ele e a necessidade de reconhecimento regia seu comportamento.
Por outro lado, era frio. Completamente alheio ao que acontecia ao seu redor. Não se importava e isso era uma constante. Por isso, baixava os olhos e bocejava com frequência. Parecia arrogante e mal-educado. E era. O não se importar era mais fascinante do que a tola concepção de amor.
"Ele andava com as mãos nos bolsos
E isso era o sinal de sua arrogância..."
Dor.
Rápida.
"Incapacitado de exercer movimentos.", foi o diagnóstico que ouviu. Com um ponto que não deixava dúvidas. Antes, odiava essas dúvidas. Eram sinônimo de fraqueza. O certo é que não havia o que fazer. Apenas esperar e ver para onde o tempo o levaria. E essa espera era uma tortura, pois se mostrava através de um movimento lento...
Perdão, não tão lento.
Um adagio.
"O começo é sempre suave
Mas não nesse caso."
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