quinta-feira, 10 de julho de 2014

A luz

Ele havia se trancado há muito tempo. O velho quarto empoeirado era sua grande personalidade e o vazio, um excelente conhecido. Um conhecido distante, polido... Afável, mas não amável. Cercava-se de solidão, esperançoso que o tempo lhe providenciasse misericórdia. “Depois de um tempo, a gente se acostuma...”, era a quase oração cotidiana. Dançava sozinho, tendo ao seu lado um imenso rosário feito de más expectativas e sonhos ruins. Rezava para um alguém distante e se sentia espiritual.

Cansado do imperfeito, descartou as dores de sempre e andou dois passos em direção à porta. Tímido, tirou os sapatos e desceu a mão sobre a maçaneta. No estalar de um tempo que jamais voltaria, a porta se abriu e revelou um clarão que ele nunca imaginou contemplar.

Deus?! Eu não sei.
Desatou a rir, pois sabia.

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