quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Ofício



Escrevo e apago. Inúmeros recomeços. Começando pelo meio, indo para o fim e voltando ao começo. E nada é perfeito. Tudo está errado. Apago e escrevo. Extrair perfeição do que é imperfeito exige esforço. Não me agrado das rimas, não entendo a métrica, não me conformo com o que é certo...

Mas quero o perfeito.
Essa é a rotina a que me submeto.

Ela me tortura, mas não consigo me livrar. Nem quero. A rotina é o vício e eu sou um adicto. Por ora. Talvez eu abandone o hábito e me vicie em outra coisa. Mas não agora. Não enquanto os pontos carregarem significado. Por ora, esqueço.

Devaneio.
E escrevo.
Apago.

"Um fardo". Você não entende. Talvez nunca entenda. O silêncio é perfeito, mas as palavras têm peso. O peso da urgência, do agora. E eu as entendo. Não abraço a perfeição do silêncio. Imperfeito. Indo para o meio, volto ao fim e termino no começo.

Apago.
Escrevo.
Recomeço.

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