sexta-feira, 17 de abril de 2015

Aos pedaços

Fixou o olhar na janela e o silêncio imperou outra vez. Aos poucos, começa a ouvir o som dos próprios pensamentos. Lentamente, vem vindo o mosaico de questões. Vai se perguntando quando todo o inferno foi criado e por que não conseguiu ver. Estava tão cego assim? Quando perdeu a importância? Estava tão ocupado com seu próprio jogo, com sua própria vida medíocre que se esqueceu? Resolve engolir o próprio orgulho, pois sabe a resposta dessas perguntas já tão pretéritas. O mundo lá fora está correndo e o tempo vai andando, sem pressa. Só ele não juntou as peças?

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Pensa agora no futuro que há de encarar e pensa se é necessário. Vale a pena? Por acaso, algum dia valeu? Sabe, pelo menos, que nunca se deixou enganar, nem por um minuto. No entanto, isso não é consolo suficiente. Não pode fazer muito a respeito, mas pode prever a tempestade que está por vir. No mundo que vai desmoronar - não há engano aqui; tudo vai cair aos pedaços - e indaga quem estará lá para remendá-lo quando acontecer? Uns consertam os outros, outros arrumam um, mas ninguém se dispõe a salvar um rejeitado. E, sendo rejeitado, só lhe resta abraçar os que são jogados fora, pois sabe o que significa não ter valor algum.

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