quarta-feira, 21 de maio de 2014

Ruína (II)

- Se você sabe...

Não continuou, pois entendeu que devia esperar uma resposta. Como era possível que o olhar confuso dela expressasse mil verdades? Ele sabia que precisava esperar, mas a espera nunca foi o seu forte. Lembrou do dia em que a conhecera: sinal vermelho, espera, impaciência, um sorriso tímido do outro lado e pronto. Em pouco tempo, se viu puxando assunto com uma total desconhecida. Gostou do humor dela, do modo sombrio de ver as coisas...

- Lembra do dia no parque? - a voz dela estava distante.

"Como poderia esquecer?", pensou. Ela odiava parques, mas ele a havia convencido. No início, ela parecia chateada por estar ali, mas a companhia dele a ajudou a relaxar. Em pouco tempo, ela parecia uma criança. Correndo de um lado pro outro, desajeitada, rindo sem motivo.. O último brinquedo era o carrossel e ela correu para a fila. Ele pensou em como aquilo deveria parecer estúpido, até ver o olhar embevecido dela. O mundo girava e girava, mas nada importava. A felicidade dela era o que importava.

- Não entendo... Você parecia...

Ela ainda parecia distante quando interrompeu:

- Eu não posso te devolver aquele olhar.

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